A Idolatria ao Corpo e o Consumismo

Esse texto , foi escrito em abril de 2008, seria cômico se não fosse trágico, notar o quanto não mudamos ou evoluímos em quase nada, a palavra "corpolatria" que nem existe no dicionario, elucida a ideia de idolatria ao corpo.
Esse texto está sendo reapresentado, para que vocês possam ter uma base, de como e porque a mídia e o mercado, se negam a dar voz ao gordo e falar a verdade, sobre corpo, peso e saúde, negando-se a facilitar o entendimento, sobre mercado, industrias e ganhos, em cima da sua necessidade de se encaixar no padrão fabricado, exclusivamente para ganhar o seu dinheiro.

"Entramos num ciclo vicioso todos os dias em que acordamos, no que diz respeito a como nos posicionar na sociedade e, não sabemos de que forma seremos aceitos, tentamos a todo custo sermos notados pelo  que  aparentamos ser, afinal ninguém em sã consciência quer ser invisível na sociedade, deixamos a nossa singularidade de lado e, a dotamos a identidade coletiva, mesmo que isso nos custe à sanidade mental. Perdemos a cada dia o poder de ser individuo único e nos incluímos como  parte de uma sociedade consumista, narcisista e depreciativa, que de forma alguma se importa com o grau de emoção inserida em toda essa mudança forçada, mas que valoriza a fundo a lucratividade presente em cada ser, que se dispõe a fazer parte do consumo capitalista de um meio que valoriza o estar quando deveria valorizar o ser.

Com a associação da beleza a ideia de saúde e bem estar, o corpo se tornou instrumento de socialização, uma moeda de troca em relacionamentosem posições de destaque e, em capacidade.
Entende-se que a mídia faz a ligação entre indústria e consumidor, mas quem faz a ligação corpo e mente?
Se o corpo é a moeda é por que a mente acredita que se pode dar tamanho valor ao estar, então qualquer outra cosia vem em segundo plano.
Literalmente a indústria da beleza é, o negocio mais lucrativo entre todas as indústrias do país. Vivemos numa sociedade em que consumir representa metade da pessoa que você é, então o que você consume corresponde a outra metade somada ao físico que você apresenta.
Vamos reparar determinados dados e esclarecer mais o que foi dito nesse parágrafo:
A Indústria Brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos – ABIHPEC (2006) apresentou um crescimento médio de 10,7% nos últimos 5 anos, tendo passado de um faturamento líquido de R$ 7,5 bilhões em 2000 para R$ 15,4 bilhões em 2005. Os índices demonstram que o setor apresentou, neste período, crescimento bem mais vigoroso que o restante da indústria (10,7% de crescimento médio no setor contra 2,1% da Indústria Geral).
Associação Brasileira de Alimentos Dietéticos – ABIAD (2006) mostram que 1 em cada 2 brasileiros faz regime em algum momento de sua vida. Hoje aproximadamente 35% dos domicílios consomem algum tipo de produto light/diet. No período de 1990 a 2003, o faturamento do setor passou de aproximadamente R$ 160 milhões para R$ 3 bilhões.
Associação Brasileira de Academias – ACAD (2006) estimam existirem 7.000 academias em todo o país, com um total de 2,8 milhões de pessoas freqüentando as academias (1,6 % da população) e gerando um faturamento anual de R$ 1,5 bilhões. Estima-se um crescimento no Brasil superior ao do mercado americano, líder nesse setor. Estima-se ainda que, aqui no Brasil, a venda de equipamento fitness gire em torno de R$ 150 milhões para o mercado profissional e o triplo desse valor para o mercado de home fitness.
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – SBCP (2006) mostram que Brasil é o país que lidera o ranking desse tipo de cirurgia no mundo, superando os Estados Unidos. Das cirurgias realizadas no país, 80% têm finalidades estéticas enquanto apenas 20% possuem finalidades reparadoras.
Então vamos lá, o seu, o meu e os nossos corpos, são hoje uma das maiores fontes de renda da industria, sendo assim, por que mesmo alguém faria o favor de desmistificar a ideia de que não ser igual aos demais, não ter o corpo esbelto, a rosto rosado, os cabelos lisos e os olhos claros, é ser perfeitamente normal?
Ora minha gente, vamos acordar para uma realidade mais que clara, sobre o universo capitalista, LUCRO meus caros vale mais que qualquer outra coisa, o dinheiro que transita em quanto à sociedade se rui em psicoses, nunca será desvalorizado, para que os indivíduos possam conhecer a verdade sobre a singularidade pessoal.
Somos todos consumistas por uma natureza implantada, consumimos tudo que for oferecido numa necessidade louca por aceitação, o consumismo alimenta o sedentarismo, alimenta a incapacidade, alimenta a invisibilidade social e alimenta as psicoses e compulsões assim como tantas outras doenças modernas e principalmente alimenta essa epidemia de cérebros doentes por uma perfeição inexistente.  "(Dados de pesquisa retirados do artigo sobre o Corpo e Consumo da UFBA
Dados atuais:
Atualmente, a indústria global de academias gera cerca de US$ 75,7 bilhões em receita anual, congregando mais de 150 mil estabelecimentos. Cerca de 132 milhões de pessoas são usuárias de uma academia de ginástica em todo o mundo.
O Brasil lidera todos os indicadores: em receitas (US$ 2,4 bilhões), em número de academias (23.398) e em número de usuários (7 milhões). México e Argentina representam o segundo e o terceiro maiores mercados da região. O México gera cerca de US$ 1,5 bilhão em receitas em mais de 7,8 mil academias que atendem a 2,7 milhões de membros. Cerca de 6% dos argentinos pertencem a uma academia, representando, assim um mercado que atrai 2,3 milhões de membros.
O setor de fitness no Brasil ganha contornos de primeiro mundo. O país segue na dianteira do mercado mundial nos últimos dez anos e já é considerado o maior da América Latina em número de academias, além de ocupar o segundo lugar no mundo. Segundo a Associação Brasileira de Academias (ACAD Brasil), o mercado brasileiro de fitness passou de quatro mil academias em 2000 para mais de 22 mil em 2012. Hoje, o setor atende mais de seis milhões de pessoas, movimentando economicamente US$ 2,3 bilhões.
(fonte http://migre.me/s8SFJ)
OBS2: Texto escrito para o extinto, site Cotidiano Gordo em 4 de abril de 2005, por Milly Costa
Para criticas, dicas, agradecimentos, participação ou apenas mandar aquele abraço gordaslivres@gmail.com

Comentários