Os Pequenos Gordofobicos

Postagem original 22 de março

É sabido que ninguém nasce gordofóbico e, que assim como todo tipo de preconceito e discriminação, a gordofobia é resultado de construção social.
A mesma faz parte de um ciclo ininterrupto de um preconceito que preenche o outro por um momento.
O ato de ser gordofóbico agiganta as piadas nas rodas de amigos, viabiliza uma malhação pouco reconhecida pelas outras pessoas e denota o desejo de uma aparência “bela”, beleza esta que para alguns é disposta apenas em corpos magros.
A gordofóbia é algo que aprendemos na infância no circulo que vivemos. Não saberia dizer exatamente o momento em que ela é ouvida e aceita, mas se você vive em um circulo de gordofóbicos as chances de você se tornar gordofóbico são enormes, simplesmente porque começasse a acreditar que aquilo que pregam pra você é a verdade, mais ainda para aqueles que ainda não possuem discernimento para entender o quão agressivos e cruéis são esses ataques.
Há pouquíssimo tempo atrás eu sofri gordofóbia - assim como em quase todos os dias, os números que uso nas etiqueta são pautas de carteirinha. Mas dessa vez não fiquei surpresa no ato em si. Sou empoderada o bastante para já não me abalar, mas o que realmente me fez ficar perplexa é que partiu de duas crianças de aproximadamente sete anos. Fui chamada de ''gordona'', virei riso por estar de biquíni na água, virei riso, por crianças de no máximo sete anos. No momento em que fui reduzida a uma piada sem graça, só conseguia me perguntar de onde essas crianças tinham aprendido que estava tudo bem ser gordofóbico e que gordo só serve pra graça. Perguntei-me onde estavam os pais, recobrei a consciência e percebi que, ainda que preconceituosas, tratavam-se de crianças, e de forma alguma elas aprenderam a rir do outro sozinhas. Foram ensinada.
Hoje mais do que nunca eu entendo que os valores que devemos passar para nossas crianças devem ser os melhores possíveis. Os primeiros anos de vida é onde se forma caráter e valores. Ouso a dizer que o mundo tá carente de bons exemplos, mas os bons exemplos começam dentro de casa. A obrigação de fazer a diferença deve ser fundamental não apenas no entorno, mas em todo e qualquer ciclo. Atualmente estamos em processo de desconstrução e na era da informação, conhecimento. Vamos usar os pequenos como seres reprodutores dos grandes valores, que qualquer tipo de preconceito é repugnante e humilhante para qualquer pessoa. E, quem sabe no futuro não possamos rir da pobreza que é ser intolerante a diferença do outro.
ADM - Rose Oliveira

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