Resista- Preta, Gorda e Sapatão

Postagem original 26 de janeiro de 2016


Do momento em que eu acordo e saio da cama até o momento em que volto a dormir, tudo ao meu redor diz que eu não sou desejável. Serei invisível, ignorada, debochada, patologizada, ofendida, degradada, humilhada e odiada: por ser uma negra&gorda que se recusa a ser definida assim, de forma ruim.
Eu sou linda, gostosa, saudável, repleta de coisas boas em meu ser e estou lutando por um mundo onde cada mulher saiba que é importante e que seu corpo não é feio ou errado como costumam pregar por aí. Então, esta noite, antes de ir pra cama, tire sua roupa em frente ao espelho e aprecie seu corpo, suas curvas, suas dobrinhas, sua cor, estrias e tudo que seu corpo tem de único.
Faça uma celebração antes de adormecer!
Cada uma tem a chave para a própria revolução.
[releitura-inspiração Krista Smtih] 

Texto e imagem retirados do perfil, bloqueado de Jéssica Ipólito.
Infelizmente tem menos de uma semana que escrevi um texto falando sobre ataques a ativistas gordas e feministas (Sobre Ataques a Ativistas Clica Aqui), paginas contra racismo e todo tipo de ativismo social que está acontecendo, as tentativas de derrubar as paginas, e todo o processo que está sendo orquestrado por um grupo de sociopatas, sim gente vocês podem dizer que é idiotice, bobeira, pura maldade, mas não se trata só disso.
Tem um monte de adolescente retardadinho, nazistinha de merda, que por ter nascido riquinho e acha que pode tacar terror e ficar tranquilo, mas por trás dessa gente existem homens adultos, pessoas com sérios problemas sociais, a serem tratados, manipulando a cabeça oca e a maldade dentro dessas pessoas.
Atacar uma mulher por puro deleite pessoal, por sentir uma satisfação imensa em ver a pessoa se sentir mal, sentir prazer em causar dor no outro não é coisa de gente normal.
A Jéssica Ipólito, é negra, gorda, sapatão e feminista, com orgulho, e não tem porque não ter, ela é um lutadora tem que ter orgulho mesmo, ela é assim como eu e como muitas o tipo de ser humano que só é feliz, porque negou-se a aceitar o destino que traçaram pra gente, ter todas essas características unidas em uma unica pessoa e dar o grito de liberdade, é o mesmo que escrever na testa: vem me matar.
A sociedade não quer, nunca quis e vai continuar lutando pelo direito de não querer pessoas que fogem as regras de marginalidade social.

Atacar a Jéssica é atacar a simbologia de resistência que ela representa, é como bater no escravo fujão, é como internar e dar choque nos homossexuais, é como afirmar que mulher é inferior e subserviente por ordem natural, é como obrigar alguém a passar fome para atingir o corpo adequado para conviver em sociedade.
É isso que querem dizer com as montagens de fotos dela, com os xingamentos, vamos chamar aquela mulher de monstro para apagar a humanidade dela, para torna-la menos real e menos e menos poderosa.

Essa mulher se tornou uma agente facilitadora social, simplesmente o empoderamento dela, transformou não só sua vida, mas a vida de muitas mulheres que se espelham nela e que seguem sua militância pela internet e na vida real. E isso não é possível tolerar, isso é uma afronta muito grande, para os seguidores do caus, para os figurantes de dominadores, nunca que esses seres, aceitarão calados, uma gorda negra, sapatão ser um simbolo pra outras mulheres, onde já se viu essa preta gorda, querer ter espaço em sociedade, que audácia a dela em não querer ser apenas mais uma preta.
Isso tem acontecido com todas as mulheres fora do padrão que estão desafiando o patriarcado, que estão se sobrepondo a cultura da inferioridade, ataques constantes, tem sido feito, e estamos tentando manter a fé das minas, para que elas não se deixem abater, ainda temos muito que lutar, e nenhum ataque vai silenciar gordas, negras, lésbicas, mulheres.
#ColetivoGordasLivres
 Milly Costa

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